quinta-feira, 7 de julho de 2011

fui lá e abri
não pensei, hesitei, pisquei, nem nada
fui lá e abri a porta
entrei sem olhar, pesquisar, espiar
só entrei

então quando lá eu estava no primeiro segundo, instante
gritei até não ouvir nada

dancei
acompanhando o grito
dancei até cair no chão
lá dentro,depois da porta

no chão, já sem gritar,
eu dormi
dormi dançando
e não me perguntem como,
provavelmente sonhava com o grito
que ainda há pouco me fizera surda

de passo em passo, no sonho gritante
encontrei um porta
abri
entrei
gritei
dancei
dormi
sonhei
com uma porta

quarta-feira, 6 de julho de 2011

a grama
no morro pelado
cortado,
ferido,
desfigurado

a grama
plantada,
forjada,
fajuta,
juntada
ao morro sagrado

pra quem?

terra na estrada
asfaltada
e o piche
no chão apagado

quem dera
calçassem os carros
de pele,
sentido
ou nada

USP- Praça do Relógio- Lua Cheia Alucinógena.

16/06
Dejavu
eu já vi
uma vez

igual essa
nunca
vi igual
sempre
igual
e diferente

pros mesmos
a mesma coisa
mesmo

pros outros
as mesmas
outras coisas

mesmo
assim
tudo igual
pra mim

de já visto
te vesti de desejo.
depois disso
nunca mais
nua ficou

às 3:37h, dia de bebedeira

e hoje eu nem mais lembrava

retiro-me da sala
censuro-me ao cantar
aí,
nem sou mais eu
aí,
nem sei mais ser
eu
que seja
e deseja
um lugar na sala
não mais

quinta-feira, 28 de abril de 2011

TUDO COMEÇOU,
MENTIRA INGRATA;
TUDO ACABOU
DE UMA VEZ
POR TODAS AS OUTRAS
QUE FORAM
E NEM SE SABE
POR ONDE
DEIXARAM DE SER
RELES, MAS AINDA
QUE SE PERCAM
DO FIM
DE TUDO
QUANDO ACABA
DIZENDO QUE COMEÇOU.
VERDADE INTRAGÁVEL,
MAS VERDADE

sexta-feira, 22 de abril de 2011

do diário de viagem, 07/10/2010- Alter do Chão, Pará

Essa música me transporta para outro mundo, não sei, arranca-me daqui, leva-me ao céu e me apresenta às estrelas. Comprimentamo-nos, adimiro-as de tão perto que parece que não é. Então vem a Lua, da qual não ouso me aproximar, mas mesmo mantendo certa distância faço sombra nela, assim parte de mim a alcança.
Acendo um cigarro pra impressionar, bolinhas de fumaça se perdem no espaço até onde a vista chega e a vista vai longe, mas quase imediatamente volta-se outra vez pra Lua. A música não pára, chama-me a continuar, dá asas, faz-me leve como a fumaça perdida.
Vou flutuando de costas para não deixar de olhá-la e a Lua me diz adeus, como se não fossemos mais nos encontrar, mas comigo penso que a música não cessa e pra lá sempre me levará.

Divagação sobre o estado da minha alma elevada. Minha alma que é tão capaz de amar sem corpo, tão capaz de sofrer sem choro. Tão real de dia e nos sonhos.
A alma que às vezes escapa, escorre de mim, abandona o eu corpo, parte sem dizer pra onde ou quando a volta será. Ele fica sozinho a espera do retorno. Retorno mais pleno, mais cheio de ar e leve como nuvem que já choveu, grávida que já pariu, desculpa que tem perdão, leve como um amor finalmente declarado. E para ser menos poética; uma boa nota recebida, depois de nada estudar. A solidão pós multidão, o suspiro depois da subida, o ar depois de desfeita a briga.
E meu corpo agradece o sumiço, desfeito do cansaço e do peso que até então o entorpecia e o fazia andar torto, sem asas, gelado por dentro e por fora.
Então me padeço pelo corpo que não deixa a alma passear, o corpo sem fé no retorno.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

sou um duende doente
quantos passos há entre a timidez e a loucura? poucos passos largos, muitos passos curtos?

quarta-feira, 30 de março de 2011

dizem ser
dois mil e onze
duvido dos anos, duvido
das datas. não acredito,
não recomendo, não remendava com nada
mais. sem saber ou sabendo demais. serei mais que um
sem querer
sumirei
sem contar
serei
O mínimo;
não o aceito
não o permito
não o aguento
é um vazio,
é um tormento
o mínimo
é menos que pouco
é sem aumento
é sem deleite
é só contrato
o mínimo
é absoluto
nada

segunda-feira, 14 de março de 2011

feliz de mim que vagueio sem lar.

sou vadio
imenso, solto no peito
coração a pulsar no mundo
vagabundo de bar em bar
sempre falando no amor
entregue a tudo
perdido na solidão
achado na multidão
azul de dia
vermelho na noite

ah noite, não acabe
à noite se abre
e tudo deixa entrar

arrependimento?
não é o coração
e amanheço úmido de amor
e o que se faz quando o amor se entrega
ao destino,
não mais aos destinados
então é
"seja o que deus quiser"
que a vida leve
e o vento traga
ou seja breve
assim não estraga
ou seja longo
e nunca morra
e seja solto
pra não cansar

e ainda louco
pra sempre amar