quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Diz-se do amor desgraçado
ser uma tragédia sem passo certo
e com final desastrado

Digo do amor desgraçado
que é mais que um acalanto
de quem tanto sente desejo por nada

Ama-se o de desejo de desejar
entre o homem e o imortal
entre a orgia e o pudor desmedido
(maldito Estado sem cor, sem luz, sem fumaça, sem canção e alegria

O dócil não é doce
é amargo pudor
azeda censura

O corpo, por sua vez, precisa de amor
e o amor deve viver do corpo
porque, não nos baste o desejo!
nem o tornemos utopia
Desejo amar o amor de desejar o desejo de amar
senão, bastaria-me ficar entre homem e imortal
e eu não quero
eu gosto de amar
Sou vários.
Há o que faz, o que distrai
sou tantos...
versos tortos, verbos soltos
dia um, dia outro
sendo assim nunca só,
mesmo que eu,
complico-me
suplico voltar a mim mesmo
é um desastre não ser o mesmo
em todas as ocasiões

Não é fácil e nada é
enquanto meus eus passeiam
o mesmo se perde no caminho

Sou vários,
tantos;
nem acho lugares.
Aí enfiam-se onde não é pra estar
enganam-me, fico sem saber
até que me fazem esquecer,
mas o resto do mundo se lembra.
Eu não, eus nãos.
E recorda daquilo que não fui eu quem fiz,
quem programou, planejou, falou

Que diabos, sou vários
que me encaixam
que me pertencem,
mas não sou apenas eu, sou tantos

Acabo mesmo por aqui, para não dizerem: loucura
Pois não sou louco
apenas só não sou um,
porque sou vários
e sou tantos.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Escola Justa

A escola justa jamais será possível em uma sociedade a cada segundo mais individualista e privada, como a nossa. Enquanto houver uma escola particular como opção para os poucos que podem pagar -mesmo se fossem muitos, mas não todos- sendo assim um privilégio, não há educação justa.
Para que a educação passe a ser justa, e não a escola -pois uma única escola não pode ser justa com todos os outros que não podem frequentá-la- a desigualdade deve ser barrada no portão (se o tiver a escola). Mas ao mesmo tempo a desigualdade não deve ser ignorada quanto à diversidade cultural que simultaneamente produz, uma vez que é fundamental nas relações sociais escolares.
A escola e a educação justa são impensáveis em uma sociedade que não consegue planejar e realizar um governo; uma gestão que passa por cima dos Direitos Humanos em sua plenitude. A escola justa não poderá existir enquanto a desigualdade social for reproduzida não apenas nela mesma, como em todas as outras instituições públicas e privadas. E se não começar pela educação, por onde começaria, aí vemo-nos num ciclo de reprodução da sociedade, ao qual a escola justa não pertence.
É difícil achar o começo do caminho para uma escola justa.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

se amor tivesse conceito, seria esse (em verde, não vermelho):

A gravação não é lá essas coisas, talvez enquanto eu escreva aqui qualquer coisa pra ficar em terceiro plano, ache também (essa possibilidade pós moderna de estar em mil lugares ao mesmo tempo) uma gravação melhorzinha. Achei!
http://www.youtube.com/watch?v=ThgpA6ZVU2g&feature=related

Fiquei muito feliz depois de algumas aulas de Filosofia da Educação II, principalmente em relação ao amor ao qual me achava fadada a sentir pelo resto dos meus dias. O tão famoso e citado e explicativo "amor platônico". Eu, que sempre achei, talvez por ignorância mesmo, ou apenas uma conformidade quase confortável, que amor platônico era simplesmente o não correspondido, o que não contava com contato dos amantes... enfim, hoje penso diferente, graças a Deus, Platão, Sócrates, Diotima, meu próprio professor Zé Sergio, e um ou outro fatos da vida.
Eu posso ser correspondida e continuar a sentir todo aquele amor. Desejarei mesmo depois de ter o algo desejado. Um caminho por encontrar um corpo belo para juntar-se e criar um novo corpo, mais um pedaço da minha imortalidade; depois ver a beleza não apenas nesse corpo, mas em todos e amar a totalidade de corpos belos que houverem para me apaixonar. Caminho que traduzo aqui resumido e mal explicado, um atalho interpretado.
E "querer-te amar o amor", faz mais sentido, sem dissimular, negar, o desejo é mais. Por isso vejo o ciúme como parte fundamental do amor, como tantos vêem. O ciúme é o perigo, o medo, de não alcançar o que se deseja, seja o amor do amante amado, seja apenas... não sei.
Só sei que agora convivo melhor com o amor platônico, mesmo que sempre tenha gostado de tê-lo meu, redundância, há saída além da solidão de amar só.