terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O Vendedor de Melancias

Nós, jovens desse novo século, temos plena consciência de que os sábados pela manhã são momentos de sono sagrados. Minha mãe, jovem do século passado, não tem como óbvio esse fato. Resultado: sou acordada às 10:30hs de todos os sábados da minha ainda não tão longa vida.
Costumávamos ir à feira que sempre chamei de "feira de pinheiros", mas a verdade é que fica bem no meio da Vila Madalena, por onde tradicionalmente passo às sextas-feiras à noite. Pois então, íamos sempre à feira da vila madalena. Nesses tempos passados eu me contentava com um pastel e um copo grande de caldo de cana, com limão, é claro. Os tempos mudaram, os preços subiram e aquela feira de bairro, pequena, acolhedora, e dona do melhor pastel, foi deixada para trás por mim e minha mãe.
Logicamente não deixamos de comer verduras e frutas, simplesmente passamos a ir ao CEASA, nunca pensei no significado da sigla, quem sabe quando eu acabar de contar meu causo já o tenha descoberto. O CEASA é grande, bem grande, o pastel não é tão bom, não que eu já tenha provado, mas eu sei que não é e não quero provar. Algumas coisas lá me irritam muito. Diferente da minha pequena feira, que tem o chão molhado apenas na frente dos peixes e carnes, o longuíssimo CEASA possui água em todo o seu decorrer. Aquela água que se mistura com o cocô das tão constantes pombas que cercam o lugar, e molha minhas calças e meus nem sempre muito limpos dedos do pé.
Voltando ao ponto das pombas, são inúmeras e ficam lá, em cima daquela enorme estrutura de concreto, olhando-nos comprar nossas comidas mais saudáveis, esperando pelo momento certo de mirar nossa cabeça ou a sacola cheia de verdes, e pimba. Um desastre.
Às vezes minha mãe inventa de comprar flores, adoro flores, mas elas ficam bem no final daquele enorme sambódramo sem arquibancada, já perto do gigantesco nome da Coca-cola no meio da favela, do outro lado do rio. Ah, já ia me esquecendo, tiraram o escrito, lei do prefeito, à beleza da cidade, não achei muita diferença não. Foi em uma dessas vezes que quando voltava das flores em direção às frutas e depois às verduras, que vi aqueles frutos enormes. Quando estava em Israel, eles me lembravam o Brasil, hoje, já de volta, lembram-me Israel.
Pois aquele país tão longe, logo saiu da minha cabeça e deu lugar ao moço encarregado de vender as melancias. Uma obra de arte. Sem dúvida alguma a figura mais bem feita que já encontrei. Não costumo apegar-me a tais qualidades, mas de qualquer forma, não custa nada relatá-las. Tem a cor mais bonita de todas, negro bem negro, alto, forte, parece ser forte em muitos sentidos, e lindo, lindíssimo. Como acontece de vez enquando comigo, apaixonei-me à primeira vista.
Sigo frequentando o CEASA. Meus sábados de manhã não servem para descansar e tampouco para deliciar-me com o pastel e o caldo de cana da minha pequena feira da vila madalena, mas contento-me em passar pela banca de melancias e olhar, mesmo que por poucos segundos o meu amor platônico... o mais masculino de todos. Meu vendedor de melancias.

Um comentário:

leo disse...

LIA!!!!

esse post é meu!!!

é como se eu fosse praticamente o seu Obama do CEASA.

Vou no CEASA todos os fins de semana e tenho a casa cor de melancia!!!

Sorte do vendedor vou procurá-lo amanhã... saudades de vc.

Vem aqui, sempre que quiser. A casa de melancia vai te lembrar de tudo e trazer o amor masculino platônico(o seu Obama) pra mais perto... ou não!!!!

bjs

do leo