terça-feira, 28 de outubro de 2008

Marejada


Se entreguei uma flor
e foi de jardim algum que arranquei
é porque quero que entre outras tantas, essa noite, esteja comigo

Uma promessa eu fiz a mim mesma:
era a de não entregar mais nada
pois descumpri-me feliz, surpresa...
rejeitei minha regra
quando enroscada em braços que não me pertenciam
senti que era isso que para sempre queria sentir
e que não entenda-se o sempre como eterno
porque de eternidade já estou quase cansada
apenas assombro-me com a possibilidade de não ter mais.
Escrevo então marejada pelos muitos poucos que me faltarão contar

Acordei em volúpia,
aprendo o prazer dia a dia
o prazer.
atrasada, sempre e eternamente
E que me cheguem mais doses, mais cigarros!
Mas não me chega mais nada.
Envolvi e entreguei o que não queria dar;
o que mais temia dar
Restou um vestígio e um sussurro,
mais distantes noite a noite.

ao amor;
cíclico, fásico, novo, crescente, cheio
e que míngua tão raras vezes (nesse caso falo por mim)
Em Lua cheia fico tingida, Lua nova; desbotada
trôpega e arfante, pois mal alcanço o ar que há de se respirar

Acordei em volúpia
mas era sonho outra vez
Cercadas todas as saídas
fuga impalpável, transparente
Perdi-me de novo no mar...

E termino marejada, esse instante lamento.

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